Subversão no vernissage da exposição Fragmentos
Um vernissage, culturalmente falando, não é lugar para se ver arte. Nos vernissages reencontramos amigos, botamos as conversas em dia, bebericamos um vinho e degustamos um coquetel, mas pouco ou quase nada nos detemos em apreciar as obras expostas.
Até falamos de arte. Mas não a apreciamos. Afinal é mesmo um momento de celebração do artista ao dar a luz ao seu trabalho. Aquele respiro de “até que enfim”, que culmina um tempo de angústias, inseguranças e ansiedade de pendurar logo seus trabalhos na parede para serem apreciados e julgados por outras pessoas.
Um momento de libertação (para o artista e para a obra – a partir do vernissage um já não pertence mais ao outro: “é do mundo”).
O vernissage de Fragmentos subverteu inteiramente essa lógica cultural.
Nesse mesmo dia 14 de agosto o SESC do Engenho de Dentro tinha outras duas programações marcadas: uma apresentação do premiado violoncelista Christian Grosselfinger, às 17h, e o show Afrobrasilidade de Gabriel Moura, às 20 horas (meu vernissage foi a partir das 18h).
Tirando meus poucos amigos e parentes que conseguiram chegar às 18h de uma sexta-feira no Subúrbio carioca para me prestigiar, todo o público do vernissage estava ali motivado por outra programação cultural. Decididamente não tinham saído de suas casas para participar de um vernissage.
Isso ficou patente no comportamento desse público: selfies diante dos meus trabalhos, além de fotos da exposição – no geral e de alguns trabalhos específicos. Pedidos para tirarem fotos comigo diante do seu trabalho preferido; elogios e perguntas sobre o trabalho, na mesma quantidade. Apertos de mãos e abraços calorosos de anônimos que nem os nomes acabei conhecendo.
Eu diria mesmo que fui invadido pela emoção de me sentir transformado em celebridade. Ao invés dos 15 minutos de fama, 15 íntimos minutos de celebridade. Uma emoção que jamais esquecerei.
Agradeço aqui ao George Araújo e ao Felipe Hidalgo por essa oportunidade de chegar às paredes da Galeria do SESC Engenho de Dentro, com a exposição Fragmentos, que estará aberta à visitação até o dia 30 de setembro.