Livro – Cozinha dos Quilombos
Ao longo de 47 anos de profissão a fotografia já me ofereceu tantas oportunidades de conhecer o Brasil e os brasileiros, capaz de causar inveja a geógrafos, antropólogos e cientistas sociais. A trabalho já atravessei o Brasil de Norte a Sul, Leste a Oeste, algumas vezes. Nessas viagens aprendi muito: há muitos brasis dentro do Brasil!
Recentemente, mais uma vez a fotografia me presenteou com um convite de uma Organização parceira, a DAGAZ, para participar da edição de um livro dedicado à culinária quilombola: “A cozinha Quilombola: sabores, territórios e memórias”. Um convite que, de certa forma, veio complementar uma experiência anterior que vivi no Quilombo São José da Serra, em Valença – RJ, de Residência Artística, pelo Prêmio FUNARTE de Interações Estéticas.
O recorte da publicação abrangia os 29 Quilombos, até então, reconhecidos como tal no RJ. Os prazos para a finalização da obra e os acertos de datas me impediram fotografar quatro dos 29 Quilombos. Menos mal que um desses quatro era justamente o São José da Serra, aonde fiz minha Residência Artística. Estou programando uma visita aos que não fotografei.
Como se diz popularmente “juntei a fome com a vontade de comer” – sem trocadilhos. Afinal, durante muitos anos fotografei alimentos. Desde fotos para painéis que decoravam estandes em feiras de alimentos, até fotos para embalagens de produtos alimentícios, passando por fotos de sanduíches, lanches e sorvetes para lanchonetes de uma grande rede nacional.
A linha editorial da publicação, no entanto, me obrigou a esquecer tudo o que eu sei sobre foto de culinária, que tem como regra básica a máxima: comida que se fotografa não se come e comida que se come não se fotografa. A regra para as fotos desse livro era o registro documental da preparação da receita e a foto da comida pronta, que comíamos ao final das fotos.