Urbanologia: explorando bairros pela fotografia
Inauguro este laboratório de ideias trazendo uma experiência de um colega fotógrafo, Marcello Rocha, denominada “Urbanologia”, numa crítica a banalização da produção frenética de fotografias com celulares. Sua grande preocupação se concentra no “egocentrismo imagético”, que isola o homem/mulher do seu espaço social.
O Marcello vem se dedicando a fotografar a cidade a partir da sua apropriação pelas pessoas, ao que ele chamou o projeto de “Urbanologia em movimento”. Além de expor essas fotos promove workshops para explorar fotograficamente um bairro. Sempre com a preocupação de interpretar a cidade como um espaço para pessoas. E as pessoas como agentes modificadores da cidade, a partir das relações estabelecidas pelo ir e vir.
Eu tive a oportunidade de participar de um desses eventos de workshops de Urbanologia, na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, em companhia de um grupo formado por umas quinze pessoas fotografando com equipamentos de todos os tipos: desde sofisticadas câmeras até celulares, passando por equipamentos mais simples, sem controles manuais.
Nesse dia fui abordado pelo Marcello, acompanhado por um cinegrafista, me convocando para falar sobre movimento em fotografia. Ele apenas me alertou para o fato de que a enquete não se prendia às variáveis mecânicas do obturador da câmera, mas sobre movimento em fotografia (?!). E, sem me dar tempo para pensar em uma resposta, virou-se para o cinegrafista e gritou: _ Rodando! E me deixou na incômoda situação de ter uma câmera me enquadrando, quando estou acostumado a estar sempre atrás das câmeras enquadrando os outros, e ainda por cima com a responsabilidade de elaborar ali, no meio da Praça, sobre um tema que extrapolava meus conhecimentos técnicos de traduzir para a foto estática a realidade de uma cena em movimento.
Em uma fração de segundos tive que migrar do “movimento urbanológico” para o “movimento cerebral”.